Um off topic: começaram as aulas na Ufes. Já me sinto cansado. Dois motivos: morar longe da Universidade e esse calor capixaba que é de lascar. A motivação é ver os alunos e os colegas. Todo ano é a mesma coisa: os alunos chegam com a mesma idade e só você envelhecendo.
Nove fora esse assunto depressivo, hoje, fiquei pensando sobre a relação entre tecnologia e exclusão social. Ainda não tenho uma opinião formatada sobre isso. Por um lado, vejo que todos esses novos inventos tecnológicos leva a um certo fetichismo, vide o mercado de telefonia celular. O sujeito compra um aparelho novinho e já inveja o do colega. Então vira um busca pelo consumo em si. E quem tem grana para comprar tecnologia? O mesmo povo de sempre.
Já li que o processo digital nasceu para excluir. Acho isto uma tolice. O que de fato parece acontecer é que, por um lado, há uma cultura livre, que tensiona para a universalização informática. Computador para todos, é o lema dessa turma. São os movimentos open source da vida. De um outro lado, há o capital global, que se apóia numa estratégia econômica perversa. Busca a aceleração da difusão do produto, ou seja, quanto mais rápidas são disponibilizadas as atualizações ou o lançamento de novos produtos, maior é o valor deles. Por um outro lado, esse valor se sustenta com a desaceleração da socialização. Os produtos são cada vez mais novos, porém, como a economia é uma questão de escassez, não é possível e nem necessário que todos tenham acesso a tudo, senão o valor do produto cairá.
A exclusão é uma condição para que o valor das mercadorias continue alto.
Contudo, há resistências de tudo que é tipo. O primeiro e mais visível é a pirataria. Que busca socializar tudo e por isso que é tão barato a bugiganga. O segundo são os movimentos peer-to-peer e o mundo do copyleft. Um busca tecnologias de distribuição de conhecimento ponto a ponto, outro cria um novo direito público ao possibilitar que qualquer um troque, copie e até altere os bens sob sua licença. E - por último - há iniciativas de ampliação do acesso à rede, como telecentros, pontos de cultura, que são ainda muito tímidos, mas que crescem a cada ano.
Não consigo enxergar o futuro sem a universalização da web. Claro que para isso precisamos resolver problemas nossos, como a pobreza, a miséria, a favelização etc. Mas isto não é culpa das mídias digitais, como muitos querem.
Ai... pronto, escrevi o que queria... Agora quem tem alguma coisa contra que se pronuncie.