sábado, novembro 19

Brasil Google News

A novidade que todos esperavam: O Google Notícia Brasil (GNB). Trata-se de um site dedicado às notícias que circulam em 200 veículos de imprensa brasileira. É um hiper clipping das notícias dos últimos 30 dias. Já existia o Google News (para os EUA). E era uma febre. No Brasil, tende-se a se repetir o sucesso.

Interessante é que a busca pelas notícias é feito sem a presença humana. Sem edição. Só em algoritmos. "As fontes de noticias são selecionadas independentemente da linha editorial ou ideologia politica, permitindo que voce cheque como diferentes fontes tratam os mesmos fatos", diz o site do Google.

Um recurso poderoso: vc pode, vc mesmo, checar o histórico de determinada notícia. Por exemplo: crise política no Brasil. Faça uma busca e surgirá todas as notícias sobre esse tema que já saíram nos 200 veículos.

E quem pensou que fazer clipping era um bom negócio, está no sal!

Mas o que me impressiona é notar como, nós, jornalistas, selecionamos sempre as mesmas notícias. Cada notícia sai em 15, 20, 40 veículos. É só por conta disso que o Google consegue fazer funcionar o GNB.

A exclusão digital e a mulher

Li hoje, no IDG, que 15% dos pobres no Brasil tem acesso a Net. Há militantes do movimento feminista afirmando que a situação piora muito para as mulheres. Isto porque muitas meninas ficam grávidas ou tem de tomar conta dos irmãos. Tudo isso as prende "dentro de casa". O espaço comunitário onde é oferecido acesso À tecnologia é restrito aos meninos. É para mostrar as consequência da pobreza e do machismo.

Aproveito e fui a caça de blogs sobre o feminismo. Achei coisas maravilhosas. Boas fontes:

Odeio os homens (espanhol). Texto, áudio e vídeo. Com bom humor, critica as atitudes machistas. O último post: acaba de ser lançada a língua na forma de vibrador. O humano, ou melhor, o homem, cada vez mais sendo deixado de lado após o advento das novas tecnologias.

Mulheres Violentadas (espanhol). Bem amplo sobre as lutas femininas.

Mulher Atual (espanhol). Portal da Informação sobre questões femininas.

Feminismo e Feministas.
Comunidade no ORKUT. É excelente. Um post que li muito bacana foi sobre colocar ou não o nome do marido. Isto é machismo ou não? Li que na França, onde surgiu o feminismo, a mulher é obrigada a colocar o nome do esposo. No México, cada um tem o seu nome e pronto.

Articulação das Mulheres Brasileiras: site sobre movimentos feministas.

Há muita coisa bacana. É só pesquisar.


sexta-feira, novembro 18

Relato sem juízo de valor

Segundo os relatos de agência de notícia, o motim francês acabou. Mas não a questão social. O indicador do movimento foi sempre a queima de carro. E segundo o Le Monde, a queima já chegou ao patamar normal de todas as noites anteriores à rebelião francesa.

Bom... eu continuo buscando informações nos blogs. Vai mais uma:

Um relato de Rui Cruado Silva, blogueiro, sobre o que é viver e conviver com o subúrbio francês. É honesto, embora tenha uma visão que criminaliza quem mora no subúrbio. Li esse relato e outros no blog Esquerda Republicana, de Ricardo Alves.

Uma passagem para quem ver o confronto francês pelo ótica exclusiva dos jovens vai uma boa descrição do outro lado:

"[Em] Cronenburg [bairro em Estrassbourg] tinha um sector mais pesado, o sector dos guetos de habitação social construídos nos anos 60 com a melhor das intenções, mas que só serviram para juntar pessoas com os mesmos problemas, tendo contribuído para amplificar aquilo que de pior existe na sociedade, e em particular entre os grupos imigrantes. Nesse sector chamado ironicamente de Cité Nucleaire, onde se situava o CNRS, o meu local de trabalho, havia diariamente ocorrências violentas, que poderiam ser muito violentas de quando em vez. Lembro-me de um velhinho barbaramente atropelado por um BMW descapotável conduzido por jovens violentos, lembro-me de um colega que foi espancado quase até à morte por ter saído do seu carro para afastar um caixote de lixo em chamas que lhe barrava a estrada e lembro-me do carro que foi lançado em chamas contra a loja de atendimento da assistência social. No Natal e na Passagem de Ano era certo que se queimavam por ali para cima de 20 carros de pessoas humildes que juntavam as suas economias de anos para comprar uma bagnole em segunda mão."

quarta-feira, novembro 16

A governança é norte-americana?

Sabemos que está na Califórnia (sob a tutela d´O Exterminador do Futuro) a instituição que governa a Internet. Trata-se da Icann (Corporação da Internet para Nomes e Números Designados, em inglês), órgão sob responsabilidade do Departamento de Comércio norte-americano.

Este ano a Europa, na verdade os Estados Europeus, gritaram querendo participar tb do controle da web. Querem criar propostas de controle da web. Veja bem... apesar de estar nos EUA, a Icann é composta por diferentes setores sociais. Não é um instrumento de Estado.

Vejo com muita desconfiança a proposta dos Estados governarem a Web. Não acredito no Estado, em si. É só ver como o Estado Chinês faz coma Web: um instrumento de controle.

Ainda bem que na cúpula da Sociedade da Informação, a Icann fica onde está...

Sem problema de foco

Achei genial a notícia no campo da imagem: máquina digital acerta foco após o disparo. Ou seja:

"Em uma câmera comum, um sensor localizado atrás das lentes grava o nível de luz que alcança cada pixel (ponto) de sua superfície. Se os raios de luz que alcançam o sensor não estão no ponto focal, a imagem na foto aparece borrada".

segunda-feira, novembro 14

O Jornalismo e a Crise francesa

O artigo no Le Monde, denominado La crise des banlieues interpelle la pratique du journalisme, mostra as razões pelas quais o jornalismo vem tendo dificuldades de trabalho nas periferias de Paris.

A imprensa tem tido dificuldade de fazer, in locus, a cobertura do motim francês. Por um lado, veículos da imprensa foram interpelados e incediados. Câmeramans tem seu material apreendido pelos jovens e uma equipe de TV foi recebida a bala. Teve uma caso do jornalista pedir ao policial para, com câmera escondida, registrar os conflitos na periferia. Por um outro lado, os jornalistas franceses tomam furos de jornalistas franceses de origem imigrante, pois estes conseguem compreender os ritos e a linguagem do subúrbio, pois vieram de lá. Ao mesmo tempo, muitas fontes, de dentro do conflito, só dão depoimentos se forem pagas. "O problema dos jornalistas é que, sua formação profissional, vê a periferia como um jardim zoológico", diz o secretário nacional do PArtido Socialistas e ex-diretor nacional de direitos humanos.

Um outro ponto do artigo questiona a demarcação do valor-notícia na imprensa francesa. Isto porque a cobertura jornalística tem dado a mesma notícia sobre o evento: X carros são queimados na noite anterior. É todo dia isto. Contudo, essa visão esteriotipada do motim teve uma efeito reverso. Começou haver competição entre as cidades para ver quem queimava mais carros e assim saía na mídia. A mídia notou que estava sendo usada pelos manifestantes e começou a não mais dar o saldo dos carros queimados por cidade, para acabar com a competição entre elas. 'Era uma forma de evitar o efeito hit parade, que tinha a mídia própria criada", aponta o artigo do Le Monde.

domingo, novembro 13

Questão global

Li em um blog algo que me deixou cabreiro: divulgar conflitos entre imigrantes e governo de outros países (como os que aconteceramna Bélgica e na Alemanha) seria uma estratégia francesa para mostra que o problema não é a sua política social, mas a presença dos imigrantes na Europa?

Os caros querem varrer para os outros países aquilo que os é próprio: a política social francesa está naufragando.


"O motim francês não é o novo maio de 68"

Em seu blog, Mehmet Koksal (jornalista belga de origem muçulmana que foi a Paris cobrir o motim para o seu blog) reproduziu um relato tenso entre jornalistas franceses e estrangeiros.

Após entrar nas periferias e conversar com os jovens - entrada facilitada pela sua origem imigrante - o blogueiro foi jantar no bairro chique francês com correspondentes estrangeiros. A conversa entre eles foi uma amostra do porquê a cobertura internacional está tão anti-imigrante e anti-islã. Sintetizando o que Koksal escreveu:

1. A imprensa optou por uma condenação do imigrante e do Islã como culpados. Isto porque a maioria dos jornalistas concorda que o islamismo prega a violência como prática social, logo, se a maioria dos amotinados são de origem islâmica, são violentos. Koksal responde o seguinte aos jornalistas: "Não é o Islã que tem um problema com a França, mas a França que tem um problema com o Islã. A República recusa tratar equitativamente os diferentes credos e provoca frequentemente os muçulmanos adoptando medidas de excepção".

2. O motim francês não é um novo maio de 68. É a mania da França em teorizar tudo e esquecer do problema real. Em 68, os jovens eram filhos da classe média, filhos da Era de Ouro do capitalismo. Hoje, os jovens são franceses filhos da política de imigração frances pós-Guerra. "Eles são filhos do Pokemon e do Playstation". Não adianta querer encontrar uma formulação teórica, política e social desse movimentos. Os jovens não formularam um discurso do que querem.

3. Um grupo de jornalistas perguntou ao
Koksal: é possível ocorrer motins nas periferias belgas? Ele respondeu que a periferia na Bélgica é ocupada por burgueses franceses e holandeses. "Imagina a pauta de reivindicação: queremos fazer uma piscina no jardim ou uma troisième 4x4...". A sala gargalhou.

4. Os jornalistas praticam a islãfobia. Muitos concordam cinicamente. Um jornalista italiano fala que o islã é um dos maiores desafios para os países europeus. Outros discordam. Pensam que não é o jornalismo que pratica a islãfobia, mas os governantes. Cita o caso de Villepin que, ao estourar os motins, convocou o líder religioso do Islã na França para pedir calma aos "rebelados". O jornalismo, portanto, só descreve o fato. E o fato é: o governo francês que pratica a islãfobia. "Nós só relatamos". Que cinismo!

5. Conclusão do jornalista belga na sua visita a PAris: os excluídos franceses vivem ao lado da França, "desde que a França os deixe de lado".

6. Conclusão II: os franceses não sabem falar da sua exclusão, porque só gostam de falar bem de si, do tipo: Vive la Republique"


Sem tempo para a mídia

Mehmet Koksal, em seu blog, sobre o que se passa nas periferias, conta que, em conversa com os jovens que participam do motim francês, eles relataram que um jornalista francês fez a seguinte pergunta inteligente a eles: por que queimam carros à noite e não pela manhã? Os meninos: porque de manhã estamos dormindo.

Bela piada. Korksal conta essa anedota (real) para falar que o tempo do motim não é o tempo das redações midiáticas francesas, o que vem dando em uma cobertura racista e incompleta. De certo, há um problema sobre imigração pra ser resolvida, como quer a mídia. Mas este é um problema francês e não dos países dos imigrados, como quer também a mídia e o governo. Novamente: os jovens da periferia são franceses.

Vai mais um relato blogueiro de dentro:

Faz relativamente frio esta noite e os jovens passam o seu tempo a contar as histórias engraçadas sobre os jornalistas que estão nos subúrbios. Lá (na periferia) tem um que me interrogava porque automóveis queimados durante a noite? Disse-lhe que dormia até o meio-dia. O que que há? Queres que a gente acorde de manhã? (risos). Sei que os fatos que a imprensa, mas nosso horário não corresponde com o dos meios de comunicação

Em Paris nada mudou

Em matéria sobre os subúrbios franceses, Korksal mostra que na cidade de Paris nada mudou. Tudo está calmo. A única mudança é os helicopteros que sobrevoam a cidade em direção ao subúrbio. É claro (ou obscuro) a dupla visão da França, de Paris. Korksal relata que assaltos em estações de trem do subúrbio são comuns. Até os ladrões já são conhecidos. Só que não há política de segurança para esses locais. "Laissez-faire, laissez passer", digo eu.

O jornalista ainda declara, em seu blog, que, ao sair de Paris e voltar à noite para Saint-Dennis, tudo também está calmo, contudo, é seguido por um helicóptero, ao chegar na periferia.

Brincadeira!!!!