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sábado, novembro 5
Amazon vai vender trechos de livros
A Amazon lançou um serviço interessante: a venda de capítulos de um livro. É a napsterização na indústria editorial, tal como já rola na indústria de áudio. A estratégia comercial é conseqüência de um outro serviço a busca no interior das páginas do livro. É algo como folhear a página antes de comprar um livro. Deu tanto certo que agora lançaram o servico de comprar de parte das publicações (Amazon Pages).
A questão que não quer calar: pode em termos de direito autoral? Pode liberar a parte em relação ao todo? Pode comercializar parte de um livro?
Se sim, será que vamos ter problemas com Xerox ainda?
Urgente: preciso do email de todos vocês. Isso para que vocês possam acessar o blog do Foco, que só vai durar 10 dias. Já estão cadastrados os editores: Vitor e Gabriely. Urgente é cadastrar o Gustavo e o João, pois a próxima notícia é deles. E o deadline é domingo, às 12h.
No mais... esse é um "hot blog", ou seja, nasceu em conseqüência de um evento, acontecimento ou promoção. Logo dura enquanto dura o acontecimento. O nome do infeliz é Foco da Notícia.
Toni Negri, em entrevista a Revista do Terceiro setor, declarou que as lutas que se originaram em Seattle se esgotaram e que agora entramos em um novo ciclo, marcado pela emergência do precariado e dos imigrantes como sujeitos que produzem uma nova multidão. São os sujeitos que estão fora da relação salarial que agora resistem e constituem a liberação. Trechinho da entrevista:
" poderíamos afirmar que há um ciclo político... aquele dominado pela iniciativa das multidões, entre aspas, o ciclo iniciado em Seattle e que durou até a campanha contra a guerra – “No War” etc. E foi aí que esse ciclo terminou. Mas no interior desse ciclo abriu-se outro, que não é político, mas social. No momento em que se fecha o ciclo político, há um outro que cresce, o ciclo social, no qual as novas realidades da globalização – a flexibilidade, a mobilidade, a precarização da força de trabalho –, tudo isso gera essa nova situação, que é de hegemonia do trabalho cognitivo, que está se abrindo. Então você me diz: “Bush perdeu”. Mas não sabemos o que vai acontecer. Não é suficiente ele perder uma batalha para afirmar que a multidão ganhou a guerra. O Bush perder uma batalha é uma coisa. Mas a questão é outra: temos uma situação de transição, bem aberta. O que é muito importante é que hoje se abre um novo ciclo social, baseado sobretudo na luta contra a precarização, contra a pobreza etc. "
Uma contribuição de Negri para quem estuda o tema Resistência: as lutas globais entraram em um movimento de crise. Em uma curva descendente, como diz o filósofo. Por um outro lado, há um novo ciclo de lutas globais em ascensão: trata-se das lutas do precariado e dos imigrantes.
Na Argentina, Negri deu uma entrevista ao Página 12. Corri e traduzi, com meu espanhol de leitor, para deleite de todos nós. A entrevista completa está no meu outro blog, chamado de texto completo. Mas vale aqui uma boa citação:
Como o Sr analisa o movimento de resistência global? Em profunda crise. O que começou em Seattle, seguiu em Gênova e continuou no movimento contra a guerra, declinou brutalmente. Disto se nutriu a reconstrução da esquerda tradicional. Mas o interessante é que no interior dessa curva descendente começou uma nova curva, agora, ascedente, protagonizda por lutas sociais de novo tipo, que se dão ao redor fundamentalmente do trabalho precário e da imigração.
Na última edição do Caderno Mais, da Folha, há uma crítica confusa do sociólogo alemão Robert Kurtz sobre o livro Multidão, do Negri e Hardt. O título da resenha é Complexo de Harry Porter. Não entendi muito bem, mas há uma passagem que gostei. Trata-se de quando Kurz mostra que o trabalho hoje é material e o produto dele imaterial. Gostei porque esclareceu que não há separação entre essas duas esferas. O que ele esqueceu é que o trabalho imaterial é produto de uma recomposição do manual com o intelectual. Por exemplo, este post é produto da minha força-cérebro, que produz essa linguagem na forma de mensagem colocada em suporte digital, contudo, tive que realizar um trabalho manual, ao digitar todas essas frases. Logo, o trabalho imaterial recombina o manual e o intelectual, não os separa como na época fordista, em que uns produziam manualmente e outros tinha a função de comando.
Em primeiro lugar, nenhum trabalho é "imaterial", tampouco o trabalho nos setores da informação e do "conhecimento"; sempre se trata da combustão de energia humana. Imaterial é a maior parte dos produtos desse trabalho, mas justamente por isso esses setores não podem sustentar a reprodução social, cuja base permanece sendo o "processo de metabolismo com a natureza" (Marx) e, portanto, é material. (Robert KURZ)
Em artigo para o Media Daily News, Jose Parinas escreveu que 2005 está sendo o pior ano para os jornais diários. Enquanto os jornais online cresceram 25%, os impressos apenas 4%. Os veículos online já representam 5% dos lucros dos impressos.No Slashdot, há um debate interessante do porquê o impresso está perdendo leitor e grana para os veículos online. Tentei sintetizar alguns pontos interessantes:
1. O jornal impresso é arremessado na porta de casa às sete horas da manhã, mas com notícia de meia noite. E às sete já há breaking news na NEt que torna o impresso obsoleto. O correto seria a entrega do jornal à meia-noite.
2. há quem aponte uma transição e não uma morte do impresso. A transição se dá no interior da audiência: da massa ao usuário, ou seja, agora há liberdade de escolha do leitor. Em vez de um ponto de vista, como há no impresso, o online permite múltiplos relatos e visões. No online, os jornais podem oferecer pontos de vistas que o impresso nem sequer pode apresentar.Além disso, estimula-se que os leitores busquem seu próprio ponto de vista.
3. O impresso está se tornando uma linguagem baseada no "comentário alternativo". Alternativo ao padrão de infotneiment da TV. O público ouve e vê notícia na rádio e na TV antes de ler o jornal. Cabe ao jornal esse papel de comentarista.O problema é que há uma tendência do impresso tb se voltar para "people free time".
4. Acesso imediato a fonte. Na net, o usuário pode acessar imediatamente as mesmas fontes que os jornais acessam para produzir suas notícias.
5. O comentário dos resistentes: não há internet que substitua o prazer de ler um jornal impresso em uma "poltrona do papai". Além disso, não há pop-ups, propaganda que salta aos seus olhos o tempo inteiro. A página está fixa sem precisar ficar subindo e descendo a barra de rolagem. Ler o impresso é uma questão de usabilidade. Além disso, não é necessário bateriaspara lê-los.
6. Falta ao online "leg work", ou seja, o trabalho de rua que é o mito do impresso.
7. O impresso produz poucas histórias. Na internet, há inúmeras.
8. A internet possibilita a acesso aos meios alternativos de informação, contudo, mesmo esses possuem textos cheio de inclinações e opiniões que podem conduzir a posicionamentos equivocados.
9. As pessoas estão deixando de assistir TV e ler jornais, ao mesmo tempo, que optam cada vez mais por serviços customizados de informação (como a tecnologia de feeds). O problema que pode ser gerado é de isolamento do mundo. Cria-se um mundo de notícia para si, enquanto lá fora o mundo é outro. Estimula-se a opção pela customização, mas não o pensamento crítico.
10. Online é mais fácila para produzir e distribuir.
Tem mais coisa, depois coloco mais. E porque tem de traduzir e é um saco.