sexta-feira, novembro 11

Testemunho em blogs

Pelo que se vê a população vive uma situação de não poder dormir com os barulhos dos confrontos franceses. É uma situação em que não se sabe difrenciar o que é sonho, consciência ou imaginação. Segundo um relato de dentro do conflito (desculpas pela tradução):

Aqui, não se vê os dias passarem, as noites não se contam mais. Há barulhos de automóveis, de pessoas que urram, gritam, que se insultam. Às vezes ouve-se gargalhadas ou barulhos de crianças. Ouve-se as sirenes dos automóveis de polícias ou os bombeiros, barulho das freiadas dos carros ou das prisões que ocorrem. Quando a noite definitivamente tem-se instalado e a calma das 2 horas da manhã por último tem-se imposto, as janelas abertas e as cortinas tiradas, os néons da viatura adentram na parte inferior da rua , começa o seu jogo de luz, como uma mão tensa que impedir-nos -ia deixar-nos ir num sono definitivo. Como uma porta entre o real e o sonho, a consciência e a imaginação, a vida e a morte. Boas-vindas ao meu mundo.

Liberdade, igualdade e fraternidade

Para quem quer ouvir as vozes que vêm do subúrbio francês, contado pelo nacionalismo, é só dá um pulo em um blog chamado Liberté - Egalité - Fraternité

Jacques Lagan é o nome do blogueiro, que defende os valores franceses contra a ralém dos outros franceses (os do subúrbio). Declara que o motim é feito por jovens ligados ao tráfico, que não quer a Polícia entrandos nos territórios marginais que são controlados pelo tráfico.

Tenha dó.

E a temperatura na França...


Essa imagem eu tirei de um blog cômico. É a atual metereologia francesa..

quinta-feira, novembro 10

Colocar fogo na impunidade

A situação francesa é um acontecimento político, antes, de midiático.

Ela mostra, primeiramente, que no cenário global, não há mais fora. O primeiro mundo está no terceiro, e o terceiro no primeiro. A França vive uma situação de ter um subúrbio aos moldes de países periféricos: um amontoado de excluídos. E os jovens são aqueles mais excluídos, pois muitos não conseguem acesso ao mercado de trabalho, ou por conta do racismo, ou por conta da diminuição dos gastos sociais que poderiam diminuir suas situações de exclusão.

Um segundo aspecto desse acontencimento: os jovens suburbanos são franceses. Com origem imigrante, mas são franceses. São netos ou filhos de uma geração de imigrante. O que estamos lendo na mídia tradicional é que são os bárbaros que estão contaminando a civilização. Contudo, os bárbaros estão excluídos do relato jornalístico. Primeiro, porque a imprensa francesa os criminaliza, por um outro lado, porque os jovens não se deixam representar mais pela imprensa. Não falam com a imprensa. Falam por conta própria nas centenas de blogs que criaram.

Um relato que não veio dos blogs, mas da mídia séria francesa, é dos jogadores da seleção de futebol. A maioria deles pertence a mesma realidade dos jovens que resistem à política imperial francesa. Eles declararam que a política racista é a forma tradicional de os governos lidarem com essa população:

"Lilian Thuram, campeão da Copa-1998 e da Eurocopa-2000, ""tomou as dores" dos suburbanos após declarações do ministro do Interior francês, Nicolas Sarkozy.""Eu também cresci em subúrbio e senti de perto o que esses jovens sentem. Quando alguém diz que é preciso limpar [as cidades] com Karcher [marca de jato de água]... Talvez Sarkozy não saiba o que está dizendo. Eu tomo isso como algo pessoal".Thuram, 33, é visto como a primeira personalidade a retrucar à altura Sarkozy. ""Também me disseram "você é escória". Mas eu não sou gentalha. O que eu queria era trabalhar. Talvez, ele [Sarkozy] não tenha captado essa sutileza."


Florent Malouda, meio-campista do Lyon, diz que a situação de revolta popular era inevitável. "Pessoas nos subúrbios estão desesperadas. Caminhava para isso", falou ele, que veio da Guiana.Eric Abidal, seu companheiro de time que cresceu em La Duchere, subúrbio de Lyon, concorda.""Chegamos ao limite. A situação é tudo menos nova, e a solução ainda está para ser achada. Quando estava lá [La Duchere], havia um supermercado, mas eles se recusavam a contratar pessoas da vizinhança. Entendo que as pessoas se cansem de tais coisas." (UOl, Especial Violência na França)

Um relato, de dentro do conflito, feito pela blogueira Armoni, mostra que o alvo dos jovens não é só carros, mas a estrutura social montada. É uma recusa também às medidas paliativas de contenção social da miséria. Ele relata — em alguns posts interessantes (com uma visão meio classe média) — que os jovens queimaram uma casa onde ela trabalhou. Era uma espécie de centro cultural onde era realizado trabalhos comunitários no âmbito da cultura (rap, danças, ateliês e etc). Além disso, estão queimando os prédios do 'Secour Populaire", instituição que distribui sopões, alimentos etcetera. Uma recusa a filantropia. Ela relata ainda que vivencia "meninos de ruas" que acabam largados à noite nas ruas, pois seus pais têm de trabalhar toda a noite, porque não encontram outros tipos de emprego, sem contar as suas habitações, completamente degradadas.

quarta-feira, novembro 9

Blog e o novo maio de 68

Problema sério: foi retirado do ar o blog homenagem às vítimas da polícia francesa. A acusação é que o veículo tenha estimulado as manifestações em que estamos assistindo. A questão era que o blog fornecia informações sobre o "novo maio de 68 francês".

Amanhã, vou tentar fazer um especial sobre a cobertura conteudista do novembro 05 francês.

terça-feira, novembro 8

Blog argentino

Blog jornalístico legal. É de um hermano: http://mediosmas.blogspot.com/

"Mor Pour Rien"

Para quem quer saber pra onde caminha o jornalismo digital: jornalismo cidadão. Enquanto os jornalistas não concedem entrar na zona de combate francesa, de dentro, jovens se comunicam pelo celular para resistir a Polícia Francesa e publicam na Net como está a situação direto do conflito.

Um dos lemas da resistência imigrante francesa é "Mort pour rien" (Morto por Nada), em relaçãoaos jovens Bouna et Zied que foram mortos eletrocutados pela polícia.

A polícia francesa deteu vários jovens, acusando-os de com seus blogs (ou seja com suas opiniões e descrição dos fatos) atiçar a resistência.

Contudo, quem estar de forma criminosa atacando são os comentaristas dos blogs, que declaram post racistas sobre os moradores da periferia, que criam blogs de homenagens às vítimas.

segunda-feira, novembro 7

Dicas para escrever em suportes digitais

Dicas sobre escrita na WEB de Jacob Nielsen, traduzidas por Ana MAria Gamero, no blog Nuevos Periodistas:


1. O texto deve estar em uma página com formato gráfico atraente. Na Net, a leitura scanner dá credibilidade a sites com bons visuais.

2. Fundo claro, texto escuro.

3. Opte peloa fonte Arial (não faça como este blog que optou por Trebuchet). Tamanha de 10 a 14.

4. Parágrafos curtos, frases curtas. 25 linhas no máximo. Se sentir que o texto está grande, fragmente-o.

5. Notícia em cinco partes: título, entrada (abre), corpo da notícia, notícias relacionadas e participação do leitor.

6. Não escrever mais de 50% do que geralmente é publicado no impresso. O leitor que se aprofunde nos hiperlinks.

7. Deixar espaços em branco entre os parárafos para o leitor descansar a visão.


Sobre financiamento da autonomia do conteudismo

Bom, sou partidário de que o jornalismo vai se envolvendo cada vez mais no mundo do conteudismo. A pergunta é sempre a mesma: tá, mas quem paga o jornalista, já que ele tende a ter a sua própria mídia/WEB? Resposta: o usuário.

O Wikipedia acaba de anunciar que vai ter versão impressa e em CD_ROM. Isto para ser distribuída gratuitamente na África. A idéia é circular conhecimento. Mas a idéia é boa para quem quer fazer do seu blog, por exemplo, um material para ser vendido no formato impresso.

É correr atrás de uma editora.

Tivo e Yahoo juntos

Deu na Folhaonline que Yahoo vai disponibilizar a tecnologia Tivo para os usuários WEB. É pra quem está a fim de assistir TV sem ver propaganda.

O TiVo é uma linha de pequenas caixas que são acopladas a uma televisão comum, expandindo suas funcionalidades. De acordo com o modelo do TiVO, o espectador pode agendar gravações inteligentes de programas (por exemplo, todos os episódios de uma série exceto suas reprises), eliminar comerciais, gravar conteúdo em DVDs, fazer uma busca detalhada por programas em todos os canais, entre outros. (FOLHA ONLINE)

O TiVo pode gravar até 300 horas de programas exibidos nas emissoras norte-americanas e permite, por exemplo, que o usuário veja replays instantâneos das cenas que desejar. Ele também tem um guia de programação eletrônico (EPG) que ajuda a gravar programas da TV. De fácil uso, o guia permite, por exemplo, a busca de filmes de acordo com seu protagonista. (FOLHA ONLINE)

domingo, novembro 6

Blogpulse: o medidor de audiência das palavras

Genial!

Lendo meus arquivos feeds, vi um post sobre uma ferramenta chamda Blogpulse. Trata-se de um medidor de audiência na blogosfera. Por exemplo, ao digitar a palavra ufrj e a ufes, gera-se um gráfico mostrando a audiência em posts. O ferramenta é útil para, por exemplo, checar a audiência na blogosfera de dois candidatos em uma disputa eleitoral. O legal é que vc clica lá na ponta da linha do gráfico e chega ao link dos posts que entraram na contabilização da audiência.






Blogs: o conteúdo-afeto

Notícia do Folhaonline mostra uma pesquisa feita Pew Internet and American Life Project, em que 20% dos jovens norte-americanos possuem blogs, o que significa que muitos já produzem suas próprias informações ou relatam seu dia-a-dia na Web.

Interessante: o que motiva a produção de um blog é o desejo de manter as redes de amizade já existentes. Não é focado em um público de massa. A eficácia do blog reside na proximidade, na comunicação e não na informação.Logo um dos efeitos da blogosfera seja criar seja o efeito de proximidade.

Lição para o jornalismo: ao optar por uma narrativa blogueira, deve constituir uma narrativa de contato, de estar próximo, como um recurso para criar uma relação de empatia com o texto. O texto deve ser cheio de impressões de proximidade. Isto porque os blogueiros não estão muito interessados em um distanciamento, mas, ao contrário, querem constituir uma rede de contatos a partir dos contéudos que publicam.

Seria interessante um estudo sobre as marcas empáticas do texto jornalístico para analisar essa nova narrativa.