domingo, março 12

Blogs são pessoas?

Gostei muito de um artigo escrito por Henrique Costa Pereira e publicado no Webinsider. Chama-se Sobre o ato de blogar e a ética do invisível. Sugiro a leitura. Há ótimas passagens, mas a que eu achei interessante foi a que descreve a lógica pública dos blogs.

Pessoas costumam lembrar mais da suas gafes do que do seus acertos. Se errar, não sinta vergonha de se retratar em público. Se escreveu errado, corrija. Todos cometem erros e você vai cometer também. Não critique pessoas; critique idéias e pensamentos e deixe claro seus argumentos. Críticas passionais sugerem que você é histérico e que toma remédios controlados; nunca que você é inteligente e possui bom senso crítico. Você pode se comportar como adulto e profissional ou como um adolescente que não tem papa na língua. Tudo depende da imagem pessoal que você quer criar na web.


visível ou não?

Acho interessante pensar a questão da vibilidade nos blogs. Primeiro há sempre aquela lei "blogueiro linka blogueiro" que serve como uma estratégia para que a blogosfera se amplie como um eco. Contudo, os blogs também têm um quê de narcisismo (positivo e negativo). É bom porque você pode estruturar seu pensamento em torno de questões até então muito complexas (mesmo que simples, como porque eu não tenho guarda-chuva), criar relações de comunidade (real e virtual), receber elogios e críticas, ser um ponto de referência.

Contudo, há um lado meio esquisito. Ás vezes nos deixamos contaminar por uma lógica do exibicionismo, tipicamente de comportamento da sociedade de massa. Querer ser um blog que consegue dar conta de tudo. Acho isto um dos piores comportamentos de alguns blogueiros. O fascínio por ser celebridade.

É claro que a maioria de nós está fora dessa. Mas um dia desses postei um artigo sobre o blog como marketing pessoal. Fiquei pensando com um certo bom senso... Sim, damos a cara para bater, escrevemos o que nos der na telha, mas não é da natureza do blog ser um instrumento de marketing pessoal. Um blog é uma ação de resistência discursiva. Emitir opinião sem intermediário, sem ser empresa de comunicação.

Acho inútil a discussão sobre a possibilidade de remuneração dos blogs. É um caminho que leva à equivocada intervenção da mediação do dinheiro, que impõe relações sociais que desvirtuam essa atividade de resistência. Como diz o artigo do Henrique, blogs são pessoas. Diria que são singularidades, que é muito melhor que indivíduos (que traz consigo a idéia de homogêneo). E singularidades que fazem relações, que às vezes se tonam multidão. Ver post individuação publicado no blog ECuaderno.

Portanto, não há marketing, só discurso. Acredite se quiser!