quarta-feira, dezembro 14

De novo... a televisão digital

Recebi um email da amiga e professora da ECO-UFRJ Ivana Bentes. Trata-se da carta aberta à sociedade brasileira sobre os rumos do debate sobre Televisão Digital no Brasil, produzido pelas associações que defendem e militam a favor da democratização da comunicação.

Sintetizando alguns elementos:

— Os jornais reduziram a potência da TV digital à melhoria na imagem. Quando, na verdade, a TV digital pode romper com a concentração de mídia, à medida que vai possibilitar que grupos e usuários tenham suas próprias TV´s, já que não será tão cara a tecnologia de transmissão de ondas.

— A televisão pode se tornar o eixo da inclusão digital. No Brasil somente 13% tem computador doméstico, enquanto 90%, TV. Ela passará a ser um computador com acesso a web. Logo, o usuário poderá ter acesso ao governo eletrônico, educação à distância, etc.

— O debate em torno da escolha do modelo (europeu, japonês, americano ou brasileiro) é falso. Investir em produzir um sistema genuinamente nacional é uma atitude provinciana, em parte. Há elementos técnicos nos outros modelos que já foram testados e têm êxito. Ao mesmo tempo que temos de qualquer jeito criar tecnologia nacional pois temos uma topografia diferente de outros países, logo, a tecnologia de transmissão de ondas tem de ser produzida por aqui mesmo. Agora a criação do modelo nacional se explica pela diminuição à dependência tecnológica e para fomentar uma indústria nacional.

— Novos sujeitos poderão produzir televisão, como sindicatos, universidades, movimentos sociais, ongs etc. Isto por conta da chamada multi-programação. Ou seja, um canal de TV poderá abarcar quatro (isso se não for adotada a alta definição). Os canais irão do canal 7 ao 69. Então é so fazer a conta e perceber a multiplicidade de canais a surgir. Isso é a porta para a democratização da comunicação.

— Os tubarões da mídia são contra o modelo nacional por diferentes motivos. Primeiro porque adotando os modelos estrangeiros, eles podem negociar direto com as grandes multinacionais da mídia, que são as proprietárias desses modelos (Sony, Phillips, Nokia, Motorolla etc). Segundo, porque temem que as teles passem a fornecer conteúdos interativos via TV digital. E aí como sabemos as teles têm muito mais grana: concorrência pode se tornar desleal. E terceiro: não querem concorrência de conteúdo com os atores sociais, como ongs e movimentos sociais.

— O ministro Hélio costa defende as grandes emissoras de TV. Em tudo. Inclusive, relega as inovações do modelo brasileiro. E já afirmou que é das emissoras que deve partir a escolha do modelo a ser adotado.

[ Saiba mais em: CRIS, ABONG, ABCOM, ABTU, CBC, FNDC ]